quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Porque o mundo não acaba amanhã

Na vinda para cá fiz escala em S. Miguel durante umas horas. Nunca havia estado nos Açores e ao saberem que fazia escala lá, várias vezes me disseram para aproveitar para conhecer a ilha durante as horas que ia ficar à espera de ligação. Na verdade nem sequer saí do aeroporto.

Perguntam vocês porquê. Porque para mim conhecer um lugar não é apenas ir aos sítios turísticos, comprar souvenirs, tirar as fotografias da praxe e dizer “estive aqui”. Claro que há locais que, pela sua beleza e importância, merecem ser visitados. Com tempo. Com calma. Pausadamente, que para correrias já basta a azáfama do dia-a-dia.

Prefiro muito mais observar as pessoas no seu quotidiano, que é certamente diferente do meu, ouvi-las falar entre si, colher fragrâncias e aromas que me são desconhecidos, captar pequenos detalhes que seguramente escapam a um olhar apressado, pertencer durante algum tempo àquele lugar, senti-lo um pouco meu também. É assim que eu gosto de experienciar os locais. É assim que eu prefiro senti-los.

Por isso ainda não conheço S. Miguel. Não quis passar pela ilha à pressa. Com o tempo contado e a olhar para o relógio (que também propositadamente não tenho). Acho que S. Miguel tem muito mais para oferecer. Merece por isso muito mais tempo do que aquele que dispunha. Ficará para outra oportunidade…

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ò pá...

Foi só pedir para me mandarem o belo do biquini e a bela da toalhita de praia para o tempo mudar e ter o Outono instalado neste pequeno ponto no meio do Atlântico plantado.
Que mania de ser do contra!
Francamente...não havia necessidade...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dias marienses

Os dias demoram a passar. Ainda assim eu diria que passam mais rápido do que havia imaginado. Talvez porque já vinha a contar com isso. Volto a descobrir que afinal ainda possuo alguma réstia de paciência. A ver vamos se é assim até ao fim.

No fim-de-semana fui descobrir a ilha. Apesar da falta de companhia devo dizer que a experiência não foi má de todo. Demorei o tempo que me apeteceu e acabei por só regressar ao hotel à tardinha. Esta ilha é menos verde que eu imaginava mas ainda assim muito bonita. O clima é mais seco do que nas restantes e por isso não é de estranhar a existência de vinhas (quem diria!).

Ontem, contudo o clima temperamental dos Açores resolveu fazer-se notar e apesar de preparar a mochila para fazer um pedestre acabei por adiar. Prefiro fazê-lo com melhores condições climatéricas e picnicar pelo caminho. Sim, que gaija que é gaija não gosta de andar no meio da lama, sobretudo se tiver a roupa à conta para a estadia. Outros fins-de-semana virão.

Vamos às soltas:
- Tenho de andar sempre com dinheiro trocado. Os multibancos nem sempre funcionam, apesar de existirem, e mesmo notas de 20€ não são fáceis de trocar. No sábado não consegui pagar o almoço. Resultado, ontem voltei a almoçar no mesmo sítio para pagar a despesa do dia anterior (o que vale é que eu sou uma “messinha” honesta).

-as estradas são muito estreitas. Faz-me um bocado de confusão conduzir aqui. Na maior parte delas mal cabem dois carros e depois é só curvas e contracurvas à semelhança das estradas de montanha. Às vezes vejo algo que me apetece fotografar mas não há sítio para parar e apesar de o trânsito ser praticamente nulo, há sempre alguém atrás de mim nessas alturas.

- o azul das águas é de uma tonalidade impressionante. É um azul profundo, intenso, penetrante. Não encontro paralelo em nenhum outro sítio por onde tenha estado.

- É uma pena a existência de tanto lixo nas ruas, nas baias, nas bermas das estradas… denota uma falta de cuidado e civismo que não esperava encontrar.

- No sotaque o que mais me chama a atenção é a quase ausência de “i”, passa tudo a “e”. Assim se disser que estou em Santa Marea e que não gosto de conduzer aque, quase que passo por autóctone…ou não...

Aqui ficam algumas fotos deste fim-de-semana.

Baia de S. Lourenço

Maia


Estrada para Pico Alto

Antiga Fábrica da Baleia (Maia)



quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vamos à Praia?

Quem diria que vinha encontrar uma praia de areia branca aqui? Chama-se simplesmente Praia e foi o meu destino de almoço de hoje. Atendendo ao calor que aqui está e à elevada humidade relativa, definitivamente devia ter trazido biquíni...
A praia de areia branca é natural (não, a areia não veio de Marrocos!), resultando do facto de esta ser a única ilha dos Açores onde ocorreu sedimentação pelo que apesar da sua génese vulcânica é aqui também possível encontrar fósseis.

Diria que hoje é que foi a minha estreia açoriana. A paisagem começa a mudar à medida que me afasto da zona do aeroporto (onde estou a trabalhar e a residir) e caminho para o lado Este da ilha. Pena que por enquanto apenas posso escapar durante a horita de almoço. Esta ilha é como um rebuçado que lentamente se vai degustando. Assim sou eu a descobri-la…devagarinho…


Foto de Maganita (Baia da Praia)

Foto de Maganita (Miradouro da Macela, lado Prainha)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Maganita@Açores

Aqui os dias seguem o seu próprio ritmo, sem pressas, buzinadelas ou impaciência. Tudo demora o tempo que deve demorar. Nem mais, nem menos. Exactamente o tempo necessário.

A paisagem é surpreendente. Já vinha preparada para viver as quatro estações do ano no mesmo dia, não vinha era a contar encontrar uma tão grande diversidade de paisagens. Esperava o verde, mas da janela do meu quarto o que vejo são vastos campos de cor dourada, a denunciar condições de secura que só no sul do país encontram paralelo. É como se os Açores apenas começassem a uns quilómetros de distância, depois do Pico Alto. Ficará para um outro post.

Hoje ao almoço o sol fez-me companhia e resolvi pegar no carro e sair sem destino. Acabei por ir dar a uma pequena baia chamada Baia dos Anjos, onde os únicos sons que se ouviam eram os meus passos. Em redor a paisagem era composta por Aloe Vera que nascem de forma espontânea pelas vertentes acima. Cá em baixo, uma senhora acompanhada pelo seu cão tomava banho numa das muitas piscinas construídas que aproveitam a água do mar. Aproximei-me da água e estava a uma temperatura que desafiava uma friorenta como eu a entrar nela e pela primeira vez dei por mim a pensar que fiz mal em não trazer biquini…

O fim de tarde é dedicado à caminhada e deixo-me surpreender pela normalidade que aqui acontece em câmara lenta, ou se calhar à velocidade certa, eu é que ando demasiado acelerada. Sempre com o mar com companhia. E ás vezes a chuva também… Mas faz parte. Afinal estou nos Açores, apesar de a paisagem envolvente me recordar o Alentejo, numa estranha semelhança que por vezes me ilude.


Fotos de Maganita (Baia dos Anjos, Santa Maria)

Foto de Maganita (algures na estada entre Paul e Anjos)

sábado, 18 de outubro de 2008

Desafios

- Como enfiar numa única mala todos os artigos que eu julgo serem indispensáveis à minha sobrevivência durante um mês?
- Deixar a casa organizada para que o caos apenas comece daqui por 15 dias? (como eu gostava de ser mosquinha…)
- Desencantar uma fatiota toda “naice” para o casamento de amanhã (aquele que pensávamos já não ir por já estarmos “lá”) quando a balança insiste em passar das marcas e inutilizar os trajes casamenteiros do passado.
- Não ir directamente do casamento para o aeroporto (parece fácil, não é? Pois... quando se junta despedidas com ambientes festivos e boa companhia...)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Indo eu, indo eu...

… a caminho dos Açores. Por aqui ultimam-se os derradeiros preparativos para a viagem. Vai ser um mês longe de todos (e ainda não sei se deste cantinho também) e na companhia de mim mesma.
Se passarem por Santa Maria e virem uma maganita, não se admirem!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

(Re) Encontros

Há sítios que ficam comigo para sempre.
Encontro-os depois de os ter imaginado.

Foto de Maganita (Outubro 2008)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dicotomias # 2

O tempo passa e a indefinição mantêm-se. Não sei se fico ou se vou. Não sei o que espero. Se temo ou se anseio.

Temo a solidão e o isolamento. Anseio as saudades que já sinto e ainda não fui. Receio o compasso lento do relógio. O vazio das horas por ocupar. A possível falta de contacto com este meu mundo. Anseio o tempo que vou ter para dedicar a mim mesma. Os passeios que espero fazer. As fotografias que imagino tirar e que por enquanto apenas existem na minha mente.

Já estive deslocada. Gostei da experiência, do convívio. Mas desta vez vou estar sozinha num pequeno ponto no meio do Atlântico. Os colegas estarão apenas nos primeiros dias. Depois estou por minha conta e isso agrada-me tanto quanto me entristece.
São duas forças que se debatem dentro de mim.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O sentido e a falta dele

Passo os olhos pelas estantes. Estão cheias de livros. Algumas têm já livros em segunda fila, escondendo os mais antigos. A maior parte contudo está compactada, aproveitando todo o espaço disponível. Passo os olhos uma e outra vez, prateleira após prateleira em busca de um título que me faça despertar desta letargia literária que me consome. Quanto mais perscruto menos vontade tenho de agarrar em algum. Relembro algumas obras que li com uma vontade que hoje invejo: Monte dos Vendavais, A Dama das Camélias, a Insustentável Leveza do Ser, Charneca em Flor, O Principezinho, Papalagui,… e sinto pena por não conseguir voltar a sentir o mesmo prazer que tinha nessa altura. Hoje confesso que a maioria das obras me parece de plástico, numa espécie de "fast-read" no sentido em que não se volta a ler outra vez.
Contudo tenho lido. Tenho feito um esforço para continuar a ler, mas do que tenho lido, uma boa parte, senão mesmo a maioria, esqueço assim que o fecho. Não fica impregnado em mim. Não sinto. Não sinto o livro. No entanto continuo a sentir falta de ler. De degustar essas longas horas dedicadas à leitura. De me emocionar com a história. De fazer parte dela. Do sentir que faz sentido.
E enquanto procuro o livro que me faça sair deste impasse entro vezes sem conta nas livrarias e saio com as mãos vazias. De livros e de sentido…

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Uma sugestão verde

Para todos aqueles que têm preocupações ambientais e sentem que é preciso fazer mais alguma coisa aqui fica uma sugestão para fazer algo diferente e ao mesmo tempo contribuir de forma positiva para a sustentabilidade deste nosso pequeno “quintal”.

No âmbito do projecto de educação ambiental e cidadania "Os Pequenos Florestadores" irá ser efectuada uma acção de voluntariado no dia 12 de Outubro (domingo) de remoção de plantas invasoras (Chorão) e a plantação de plantas autóctones (Carrasco, Pinheiro Manso, Aroeira e Medronheiro) produzidas no Viveiro do Grupo Flamingo na Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica com sementes da Mata dos Medos.

Esta actividade não tem limite de idades nem limite de participantes (ou seja pode aparecer a família toda dos avós aos netos), mas necessita de inscrições por uma questão de controlo da quantidade de pessoas que querem participar e de materiais a disponibilizar (luvas e ferramentas de jardinagem) por nós.

Informações sobre "Os Pequenos Florestadores": www.grupoflamingo.org
Informações sobre a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica: www.icnb.pt

Para inscrições e informações sobre esta actividade:
Mail: pequenos.florestadores@grupoflamingo.org
Telm: 96 746 62 19 (Hugo Matias)
Local de encontro: dia 12 de Outubro às 9h na Brigada Fiscal da Fonte da Telha

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Dicotomias

Impera em mim uma vontade absurda de não fazer o que devo fazer e fazer em vez disso o que não devia.