sábado, 21 de abril de 2007

Um grão de areia


Uma das coisas que mais prazer me dá é ter tempo para apreciar aqueles dias imediatamente antes de partir para férias. Pensar naquilo que gostaria de fazer, imaginar os ambientes, as gentes, os costumes, os cheiros, as cores. Eu sinto que começo a viajar a partir do momento que decidimos ir, não importa o sítio, porque o quebrar da rotina só por si é suficiente para tornar apetecível qualquer lugar, dentro ou fora de portas.

Tudo é possível nestes dias que antecedem a partida. Imaginar o cheiro no primeiro contacto, e sentir depois essa sensação gravar-se na nossa memória de odores. Viver de perto as rotinas das gentes locais é viver, ainda que por uns momentos, o que seria a nossa vida nesse contexto (e tirar as devidas elações disso). Ouvir o falar autóctone, reflexo de culturas e modos de viver completamente diferentes, distinguir sotaques e expressões locais (um dos meus passatempos preferidos em férias), ou adivinhar interpretações para as expressões faciais quando a língua se torna um obstáculo à conversação.

Tudo isto passa pelo meu imaginário nestes dias pré-férias. E depois, in loco, é deixar-me levar pelo que vou descobrindo. Às vezes sucede que as expectativas criadas diferem bastante da realidade mas ainda assim vale sempre a pena. Mas é por isso também que arrisco dizer que o melhor das férias é este meio tempo que passamos a adivinhar o que vamos encontrar. Vivê-las é fantástico mas estes dias na véspera trazem consigo um gostinho que supera qualquer adversidade, ou dificuldade que possamos encontrar no caminho.

Por tudo isto sinto um pequeno travo amargo na alma quando penso que este ano talvez não haja orçamento para uma escapadela. Já estava (mal) habituada a fazê-lo, pelo menos uma vez por ano, em jeito de recompensa pelo stress e cansaço acumulados.
Mas também sei que sou uma sortuda por poder pelo menos equacioná-lo. Muitos há que não têm a mesma sorte…mas o ser humano é insatisfeito por natureza, não é? E eu cá sou muito ser humano…
(Foto do Gaijo, México, Setembro 2005)

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Chega assim de mansinho...


…esta inércia que a pouco e pouco me domina.

Talvez seja dos dias bonitos ou do calor que já se faz sentir. Ou talvez seja pelo vislumbrar de uma merecida pausa nesta lufa-lufa do dia a dia. E ao mesmo tempo que vou abrandando o ritmo, o bom-humor cresce e refresca a alma.

Também há dias assim…em que nada, nem ninguém consegue toldar. Tudo está bem, a vida corre sem sobressaltos e apetece saborear a perspectiva do que está para vir, quer seja um pires de caracóis e uma cervejola, ou um passeio à beira-mar ou uma leitura num local agradável, ou estar com colegas e comemorar os novos desafios que se avizinham, ou degustar um bom copo de vinho num jantar com antigos colegas de outras lutas…

Enfim…viva o dolce faire não niente, mas pouco…muito pouco....

E é tãããããoooooo bom!!!!!!!

(foto de Jorge Palha www.olhares.com)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

T2 com Piscina

Para quem mora num apartamento e quer ter uma piscina é fácil: eu cedo-lhe a minha máquina de lavar loiça e aproveite para sair da cozinha durante umas horas. Regresse e traga as galochas. Acabou de ganhar uma cozinha versátil que se transforma em piscina durante a lavagem da loiça.
Há coisas fantásticas, não há?
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Não tenciono moderar os comentários que aqui deixam. Gosto de chegar aqui e surpreender-me com os vossos pensamentos. Mas publicidade, não obrigado! Dispenso esse tipo de aproveitamento e irei apagar comentários desse género assim que os detectar.

(Perolas, não te considero publicidade. Gosto muito do teu trabalho e das tuas visitas. Volta sempre)

sábado, 14 de abril de 2007

Doze

Faz hoje uma dúzia de anos que entraste na minha vida. Vim mais tarde a saber que já fazia parte da tua à mais tempo. Tantas vezes nos cruzámos e eu nunca te vi…teve de ser o destino a dar um empurrão.

Naquela noite, acho que nunca te disse mas levantei-me, e perdi o lugar onde me sentara, para me isolar um pouco. Sentia-me triste, sozinha…
Quando voltei, o meu lugar já estava ocupado e o único que estava vago era ao teu lado. Começamos timidamente a trocar algumas impressões… e nunca mais parámos. Quando não estava contigo era o teu olhar que eu procurava. Dei por mim a procurar estar onde tu pudesses estar também e em pouco mais de 36h já sabia que te pertencia…

Despedi-me de ti junto ao mar, o mesmo mar onde nessa mesma madrugada trocámos o primeiro beijo. Tu partiste com os outros, eu fiquei a ver-te partir. Mas sabia que a minha vida já não seria mais a mesma.

Semanas mais tarde, estávamos num bar com alguns amigos e olhámos os dois para uma mulher grávida que ali estava. Pousaste a mão na minha barriga e disseste Já imaginaste? Um dia vais estar assim…Desde esse dia que essas palavras me acompanham, me aquecem o coração, me transportam para um mundo nosso, meu e teu, onde não existem impossíveis ou dificuldades…Um mundo onde os teus olhos “sorriem” sempre para mim, daquela forma que apenas tu sabes fazer quando te sentes verdadeiramente feliz.
Não sei quando irás ler estas palavras…mas sei que quando o fizeres eu irei saber apenas de olhar para ti.

Eu sei…

Eu também…


(foto de Glover Barreto www.olhares.com)

quarta-feira, 11 de abril de 2007

E agora algo completamente diferente...

…porque será que as pessoas quando não sabem o que querem andam às voltas sem rumo? Não admitem que não sabem, mas também não deixam os outros participar, talvez com receio que lhes fazerem sombra, ou por necessidade de afirmação.

Sempre fui adepta de parar para pensar, para compreender o que é pedido e só depois de compreender a questão é que defino uma linha de acção. Sempre fui apologista do trabalho de equipa e mesmo quando acho que talvez esteja bastante à vontade em determinado assunto, considero que todos os contributos são benvindos, enriquecem o trabalho e permitem que todos aprendam algo mais. Nunca tive problemas de integração em grupos de trabalho e fomento a colaboração entre todos, sobretudo em ambiente de trabalho com resultados francamente satisfatórios.

Agora vejo-me numa situação em que sinto que voltei à primária pois impera o comportamento infantil do eu é que sei. Dou por mim a participar nos debates, onde a minha opinião não é considerada para uns minutos mais tarde ser introduzida como contributos de outros…Dou comigo a pensar nestas sensações não de dejá vu mas de dejá dit, mas confesso que a 2 dias do fim da formação já me falta a paciência para reverter esta situação…ò meus amigos, levem lá a taça, façam lá o brilharete, que a vida é demasiado curta para andar às voltas. E eu não digo nada a ninguém, ok?

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Fugas

Tenho cultivado o hábito de registar num pequeno Moleskine as notas mais importantes de algumas férias, escapedelas, quebras de rotina. Foi na verdade o meu primeiro esboço de blog. Embora pouco tenha escrito nele, adquiri o hábito de repensar estas pequenas fugas em termos de pormenores que não gostaria de perder da memória. Neste quadra destinada aos ovos, coelhos e madrinhas, aproveitámos para “escapar” na companhia de 2 grandes amigos. Destes dias guardo 3 pormenores que me marcaram pela curiosidade, diversidade e diferença.

- A busca da antiga casa de uma bisavó levou-nos a umas ruínas antigas onde encontrámos uma arca semidestruída. Nela descobrimos postais e cartas antigas, quase gastas pelo tempo e pela humidade…e abandono, infelizmente. Eram de alguém que trabalhava à época, nas antigas minas do Lousal, local que a curiosidade já me havia feito conhecer no ano passado. Fez-me pensar muito acerca da forma como se vivia naqueles tempos e por pudor não mexemos mais, embora todos os indícios apontassem para que aquela seja de facto a casa que procurávamos e talvez aqueles pertences fossem de alguém que mais tarde a ocupou e depois abandonou…

- Seguindo a máxima do Vá para fora cá dentro, fomos a um restaurante very typical onde éramos os únicos portugueses a jantar. Senti-me uma vez mais estrangeira no meu próprio país mas desta vez soube-me muitíssimo bem. Vou guardar na minha caixinha de sabores o aroma muuuuiiiitttttooooooooo picante do nosso Bife à Moçambique ou versão gulash de “Maputo do bife” como mais tarde o baptizámos. Nunca um jarro de vinho branco me soube tão bem!!!

- Numas das nossas deambulações acabámos por assistir a um baptizado muito diferente daqueles que normalmente se faz por cá. Embora sem grandes certezas, achámos que talvez fossem católicos de leste. O local era uma cascata e junto a essa cascata estava um pequeno grupo de pessoas, incluindo um padre. A chuva caia a amiúde e uma trovoada insistia em fazer-se convidar também. No fim da cerimónia, quer o padre, quer a jovem que estava a ser baptizada entraram dentro de água, e aos sons das orações proferidas numa língua que não identifiquei, ela mergulhou 3 vezes em vestes brancas e bordadas para a ocasião. Talvez pelas diferenças de costumes ou pela singularidade do momento, achei que tínhamos acabado de presenciar algo muito bonito, diferente mas se certa forma intimo também.

Foi sem dúvida um excelente fim de semana, do qual irei guardar saudades. Adorei, F.



E por agora fecho este moleskine até à próxima fuga…



(Foto de Lu Peçanha www.reflexosonline.com)

quinta-feira, 5 de abril de 2007

100

100 tempo
100 espaço
100 descanso
Sou eu por estes dias...ando a 100...

domingo, 1 de abril de 2007

Dias das Mentiras

Origem do “Dia das mentiras”

No distante ano de 1564 Charles IX, rei de França, decidiu adoptar o calendário Gregoriano. Até aí, o início do ano era comemorado na semana entre 25 de Março e 1 de Abril, coincidindo com o equinócio de Primavera.Com a adopção do novo calendário o ano passou a iniciar-se a 1 de Janeiro, o que constituiu uma verdadeira revolução para aquela época.

Muita gente, por ignorância e conservadorismo recusou-se a acreditar nesta alteração. Os adeptos do novo calendário passaram a chamar aos “descrentes” os “Tolos de Abril”, convidando-os para festas imaginárias a 1 de Abril e pregando-lhes toda a espécie de partidas.

A brincadeira pegou e, gradualmente, acabou por se espalhar pela Europa e pelo mundo, nomeadamente com o auxílio da comunicação social que, habitualmente neste dia não resiste, no meio de outras notícias, a inventar um ou dois disparates, geralmente bem-humorados e que nos fazem rir.

In www.espigueiro.pt

Eu sou daquelas que não consegue manter uma mentira. Simplesmente não sei mentir…e quando o fiz fui sempre desmascarada ou simplesmente descaía-me. Pelo contrário, sou bastante crédula e um bom alvo para os bons mentirosos…bem contadinha caio em todas…
Não tenho por isso grandes histórias de 1º de Abril para contar mas aqui fica desde já o convite para contarem as vossas maiores petas de Dias das Mentiras, aqui ou nos vossos cantinhos. Aceitam o desafio?