
Tudo é possível nestes dias que antecedem a partida. Imaginar o cheiro no primeiro contacto, e sentir depois essa sensação gravar-se na nossa memória de odores. Viver de perto as rotinas das gentes locais é viver, ainda que por uns momentos, o que seria a nossa vida nesse contexto (e tirar as devidas elações disso). Ouvir o falar autóctone, reflexo de culturas e modos de viver completamente diferentes, distinguir sotaques e expressões locais (um dos meus passatempos preferidos em férias), ou adivinhar interpretações para as expressões faciais quando a língua se torna um obstáculo à conversação.
Tudo isto passa pelo meu imaginário nestes dias pré-férias. E depois, in loco, é deixar-me levar pelo que vou descobrindo. Às vezes sucede que as expectativas criadas diferem bastante da realidade mas ainda assim vale sempre a pena. Mas é por isso também que arrisco dizer que o melhor das férias é este meio tempo que passamos a adivinhar o que vamos encontrar. Vivê-las é fantástico mas estes dias na véspera trazem consigo um gostinho que supera qualquer adversidade, ou dificuldade que possamos encontrar no caminho.
Por tudo isto sinto um pequeno travo amargo na alma quando penso que este ano talvez não haja orçamento para uma escapadela. Já estava (mal) habituada a fazê-lo, pelo menos uma vez por ano, em jeito de recompensa pelo stress e cansaço acumulados.
Mas também sei que sou uma sortuda por poder pelo menos equacioná-lo. Muitos há que não têm a mesma sorte…mas o ser humano é insatisfeito por natureza, não é? E eu cá sou muito ser humano…