Voltei a ser dona do tempo…do meu tempo…
Voltei às noites bem dormidas…
Às conversas com a almofada…
Voltei a espreguiçar-me…
E a antecipar-me ao despertador…

Retomei as leituras de fim de semana…
As caminhadas à beira rio…
As conversas de corredor…
As brincadeiras de ocasião…

Voltei àqueles momentos simples…
Pequenos no tempo e imensos de significado…

Voltei…

Foto de Akkad (www.olhares.com)

Aritméticas

Hum…é tão bom quando a vida nos surpreende com uma notícia boa…daquelas que ansiávamos mas que temos receio de acreditar pelo medo da desilusão. Ontem soube que, após meses de indecisão, vou poder dormir mais descansada sem ter o fantasma do desemprego a pairar no meu espírito…Afinal habemos projecto!!!! E assim esqueci por completo uma consulta muito desagradável (muito mesmo) que tive no início da semana.
Que seja sempre assim…um mau momento apagado por uma boa noticia…Feitas as contas fiquei a ganhar…e muito…

só para terminar, sabem qual é o cúmulo da distração?

...tentar desesperadamente abrir um carro que não é o nosso... Pois...eu e as minhas figuras tristes...e desta vez tive espectadores... Ganda sorte!

Os meus dias de tempestade

Gosto de ver o mar em dias de tempestade...identifico-me com essa imagem. De observar as ondas a quebrarem-se com força nas escarpas e darem origem a uma miríade de gotículas de arco-íris, para logo de seguida voltarem a encrespar-se contra as amuradas.

Sou capaz de observar esta luta durante horas (fi-lo muitas vezes sentada numa escarpa no Porto das Lombas - creio ser este o seu nome - no Almograve). Ficava fascinada com a força das ondas, o barulho ensurdecer do seu lamento. Mas sobretudo pela perseverança do movimento. Pensava que também eu gostava de ser assim…a cada revés voltar a ganhar forças para uma nova investida. E a vida está a ensinar-me a fazê-lo, uma e outra vez, e muitas mais com certeza. Mas não pensem que me sinto triste, ou deprimida…estou apenas a recuar para o alto mar. Mas sinto-me como uma onda na tempestade…forte e compacta…e preparada para a próxima investida…

Foto de Vitor Reinecke (www.olhares.com)

Vem ai o frio!

Gosto do Inverno!

Gosto de me sentar à frente da lareira quando lá fora está um frio de racha

Gosto de chegar ao trabalho gelada e aquecer as mãos numa chavena de chá acabado de fazer.

Gosto dos casacos, dos cachecois, das luvas, dos gorros (embora raramente use um...).

Gosto de caminhar sob um sol tímido de Inverno, sentir o seu calor envolver-me e observar as cores pálidas daquilo que me rodeia.

Gosto dos dias de nevoeiro, das formas difusas das coisas, das pessoas e das paisagens.

Gosto de ver o mar revoltado, bramindo insultos aos paredões numa conversa muda.

Gosto de observar a chuva a cair. Passo muito tempo a ver a luta dos que teimam em não se molhar e a invejar aqueles que se deixam molhar por ela.

Gosto do ver o orvalho da manhã e das teias que o gelo delicadamente teceu durante a noite.

Gosto dos narizes rubros, de tentarmos fazer aneis fumo enquanto falamos, do som de bater os pés na calçada para aquecer.

Gosto de procurar a beleza escondida das coisas e é por isso que eu gosto do Inverno.

Foto de Erik Reis in www.olhares.com

Caminhando...Parte II

Quando há dois anos atrás decidi perder peso (estava então com 75 kg) uma das primeiras coisas que resolvi fazer foi dar umas caminhadas durante a hora de almoço (o facto de trabalhar na "província" tem as suas vantagens).
Desde então para cá tenho utilizado estes momentos como espaços privilegiados de reflexão e análise. É neles que medito acerca da minha vida, do que pretendo estabelecer como metas e objectivos, que estruturo as minhas prioridades e planeio (sem é que é de facto possível planear alguma coisa…) a gestão do meu tempo. Devo dizer que as minhas últimas grandes decisões foram tomadas durante estas caminhadas.
Quando há dias me perguntaram qual a minha estação do ano preferida, eu não soube responder. Gosto de todas (um dia irei postar sobre isto) e quando penso no Inverno, lembro-me sempre de como é bom sair para o frio e começar a caminhar sob um sol envergonhado de Inverno, para chegar ao fim, quentinha e consolada com o sol que apanhei. Faz milagres no meu (mau) humor crónico…

Hoje retomei este hábito (tive de fazer um interregno durante o bendito curso que termina esta semana) e bem que precisava…Depois de uma manhã extremamente complicada, tinha a minha cabeça em água, os músculos tensos e um nervoso miudinho que não acalmava.

Durante a caminhada acalmei o nervoso, arrumei as ideias, aproveitei o sol, respirei fundo e quando estava a chegar recebi um telefonema que me deixou muito feliz.

Por isso é que não vou deixar de caminhar…

seja em que direcção for…

nunca se sabe o que vamos encontrar no fim do caminho…

Boas caminhadas!!!

Foto by Gaijo, em Alte (Algarve), 2006

Caminhando...

Bem sei que iniciei há pouco tempo esta caminhada.

Estava preparada para a espera, para a incerteza e para a dúvida. Talvez menos para a cadência da espera, para a inconstância dos ritmos. Temia o desfilar de humores, o viver as quatro estações do ano no mesmo dia...

Mas agora que me sento no meio do caminho, é que me apercebo que este vai ser um caminho pedregoso, com muitas dificuldades e provavelmente com muitas desilusões também. Não quero ceder à tristeza...quero viver em cada dia a graça de estar viva. Isso, pelo menos depende de mim... apenas de mim...

Pelo sonho é que vamos...haja ou não frutos...

O post de ontem reflecte apenas a minha vontade de alcançar um sonho…um sonho que persigo à quase 10 anos, mas que ainda resiste dentro de mim. Mesmo quando eu pensava que finalmente o tinha colocado dentro do Baú do Esquecimento, eis que ele regressa em força como se nunca tivesse de facto estado ausente.

E eu deixei-o entrar de novo, neste espaço que é a minha vida. Não porque acredite verdadeiramente que o consiga realizar, mas porque enquanto me faz companhia, torna os meus dias mais bonitos…

Hoje apetece-me...

...agarrar um pedacinho da Lua...

...fecho os olhos...

...estico os braços...

...e já está!!!

Pontaria...

...é irmos deixar o carro na revisão no dia em que há greve de metro...

Sou de facto uma pessoa com sentido de oportunidade...

Saudades

Ai que saudades tenho de me perder em Lisboa...
de me cruzar com multidões de gente a atravessar as avenidas...

de ir aos saldos na Baixa...

de ver as últimas tendências da moda em gente de carne e osso...
de ir conversar para o jardim da Gulbenkian...

de ouvir trechos de conversas entre 2 conhecidos nos transportes públicos e depois imaginar como seriam as suas vidas...

de ver uma figura pública qualquer ao virar da esquina...

de sentir aquele sururu no ar, nas pessoas, na atmosfera, quando qualquer coisa de importante se está a passar...

Sinto muita falta de estar em Lisboa, embora passe por ela todos os dias. Mas é mesmo só uma passagem. Sinto falta de sentir Lisboa...

By Maganita, algures próximo do Panteão

Elas não matam mas...

moem...

Pois é...andava com umas moinhas na barriga e no fundo, bem lá no fundinho, tinha a secreta esperança que talvez, talvez fosse algum presente deixado no sapatinho...mas isto foi na altura do natal e descobri que na realidade as moinhas são mesmo o resultado de uma semana de total liberdade gustativa. E toda a situação do meu tio ainda agravou mais esta total incapacidade de dizer NÃO ao paladar. Até fritos que era coisa que até nem ligava muito, marcharam este ano (à excepção das azevias-recordação da avó).

Resultado: 2 kg a mais. Até nem é muito, mas para quem perdeu 16 kg nos últimos 2 anos tem sempre um travozinho amargo. Mas já estou em campo, no sentido literal da coisa. Declaro oficialmente re-aberta a época das caminhadas. Pode ser que aproveite o embalo e perca mais alguns quilos pelo caminho.

Inconstante

Com tudo o que aconteceu nos últimos tempos acabei por não fazer uma espécie de balanço ao ano que agora terminou.

Numa única palavra: inconstante. Este foi um ano muito inconstante. Tão depressa me senti nos pincaros, como logo a seguir vinha aos trambolhões por aí a abaixo. Talvez o facto de ter deixado de tomar a pilula também tenha contribuído para este carrocel de emoções. Em todo o caso tenho de me sentir grata pelo bons momentos que vivi (e posso dizer que foram muitos) mas também me fortaleci com os maus (que também não foram poucos...). Ri e chorei mais do que em qualquer outro ano, senti muita tristeza mas também muita felicidade, mas acima de tudo sinto-me uma pessoa melhor, mais rica e preenchida.

Foi um ano em que perdi o meu avô e o meu tio, senti a tristeza dos que me são próximos. Mas foi também o ano em que decidimos ser pais e em que iniciamos essa viagem. Este ano acabei a pós-graduação, fui promovida mas também senti de perto o aperto do desemprego. Vi o projecto em que estava a trabalhar ser cancelado mas em compensação fui chamada para trabalhar numa área ligada (finalmente) à minha formação académica. Pela primeira vez pude orgulhar-me de ser geografa e de estar a trabalhar como tal (embora actualmente esse projecto esteja em banho-maria).

Quando olho para 2007 apenas consigo estar expectante. Não sei se será um ano em que irei concretizar os meus desejos, mas espero pelo menos ter saúde e não perder ninguém que me seja querido.

E não posso deixar de me sentir grata por três razões: ter ao meu lado uma pessoa muito especial, que dá cor aos meus dias, que alivia as minhas tristezas, que me escuta e me aconselha, que se ri com gosto das minhas piadas secas e que me faz sentir a pessoa mais especial do mundo. Obrigado por seres quem és e por me escolheres para partilhar a tua vida...

Sinto-me grata por ainda ter os meus pais comigo. Por estarem saudáveis e independentes. A perda do meu tio fez-me pensar ainda mais neles e no facto de não serem eternos.

A outra razão é pelos meus amigos. Não são muitos, mas são aqueles amigos que por mais que o tempo passe estão sempre lá. Que se alegram com as minhas alegrias e ficam tristes com as minhas tristezas. Amigos de verdade.

E apesar de andar à pouco tempo nestas andanças da blogosfera, obrigado pelas palavras doces que têm cá deixado. A todos desejo um bom ano de 2007!!!

By Gaijo, Albufeira, meia noite de 01/01/2007