sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Clap, Clap, Clap

SEDES sustenta que «sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional».

Esse «mal-estar» deve-se a «sinais de degradação da qualidade cívica», como a «degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários», a «combinação de alguma comunicação social sensacionalista com uma Justiça ineficaz» e o aumento da «criminalidade violenta» e do «sentimento de insegurança entre os cidadãos».

A SEDES adverte que, a manter-se o «mal-estar e a degradação da confiança (...), emergirá, mais ou cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever».

A associação manifesta a sua preocupação com «o afunilamento da qualidade dos partidos», devido à «dificuldade em atraírem e reterem os cidadãos mais qualificados» e a «critérios de selecção cada vez mais favoráveis à gestão de interesses» e critica igualmente a «tentacular expansão da influência partidária na ocupação do Estado e na articulação com interesses da economia privada».

Finalmente, um estudo que coloca o dedo na ferida e refere aquilo que todos nós sentimos e que não vemos (eu pelo menos não vejo) reflectido nas tomadas de posição dos diversos intervenientes quer a nível político quer a nível da sociedade civil. Trata-se de um sentimento transversal na sociedade que eu, enquanto cidadã minimamente esclarecida, ainda não tinha sentido ter eco. Em muitas conversas noto que este mesmo sentimento é emergente e extravasa o conceito de mera crise económica, saco onde são metidos os restantes indicadores como confiança no futuro ou na condução da política.
Pela primeira vez ouço falar em coesão nacional e crise social, enumerando todos os factores (e são muitos) que fazem com que seja cada vez menor a esperança de uma alteração no “estado da nação”, e que é independente de quem está de momento no governo. Tenho sérias dúvidas que este estudo vá alterar para já alguma coisa, mas apraz-me ver que pelo menos começa a emergir publicamente uma tomada de consciência da transversalidade destas questões.

5 comentários:

Cláudia, Pimpo e Pimpa disse...

"...apraz-me ver que pelo menos começa a emergir publicamente uma tomada de consciência da transversalidade destas questões", o que já é qualquer coisa... Bjs Cláudia

R. disse...

Junto as minhas palmas às tuas. Um estudo que dá um estatuto científico aquilo que (quase) todos nós temos vindo a sentir. É premente reforçar a confiança e a coesão dos portugueses sob pena de estes sentimentos serem perdidos para sempre.

beijinhos e bom fds

Anna72 disse...

Mais uma a juntar-se ao aplauso! :)

Este assunto dava pano para mangas. Mas, tentando resumir, seria tudo mais "fácil" se o povo continuasse analfabeto e fechado na concha como no tempo de um certo senhor que foi eleito o melhor português de sempre.

É nítida a discrepância do nível de vida que temos e de países como a Espanha. É evidente e preocupante que sejamos ultrapassados por países que partiram para a "aventura europeia" em igualdade de circunstãncias e alguns ainda pior.

Não soubemos nem sabemos aproveitar as oportunidades porque era mais importante comprar Porches e propriedades em Nice do que criar empresas com futuro, porque era importante cativar investidores estrangeiros que à mínima oportunidade deslocalizaram os negócios para outros países mais interessantes... enfim...

E sim, a classe política analisada à lupa é um espectáculo! Engenheiros e Doutores com cursos fantasma abundam! E eu conheço um cá da terra que hoje é deputado e nem português sabe falar correctamente!

Já me alonguei, mas como disse, isto dava pano para mangas!

Ana disse...

Estou longe e nao tenho acesso a canais portugueses, tudo que sei eh atraves dos jornais mas eh muito diferente ler noticias de longe de vive-las ao vivo.
Pena que um pais tao lindo seja gerido por incompetentes mafiosos, que so pensam em servir os seus lobbies.
Tenho dito!!

Anónimo disse...

Mais uma vez a nossa geração é sujeita a tão grande responsabilidade!! Não se trata apenas de agir já, mas mais importante ainda, criar o caminho para que Portugal não se torne numa jangada de pedra. Creio que tudo passará pela educação e formação das novas mentalidades...vai ser peso pesado!

bjs
Hima