domingo, 24 de agosto de 2008

Despropositado ou talvez não

Hoje deu-me para a cozinha, o que é no mínimo estranho já que sou um grande zero à esquerda nessa matéria. Mas apetecia-me sentir o cheiro perfumadamente doce a pairar pela casa, associado a algo que não obrigasse a um grande dispêndio de tempo e de preferência que resultasse em pouca louça. E sem esquecer o requisito principal: tinha de ser fácil… muito fácil.
E com tanto vento e uma temperatura tão envergonhada para a época já começa a não apetecer coisas geladas. Vai daí que então…saíram uns scones para a mesa do canto.

Scones
225 gr de farinha
40 gr de açúcar
1 ovo batido
1 colher de sopa de manteiga
6 colheres de sopa de leite
1 colher de chá cheia de fermento
1 pitada de sal

Preparação
Peneire a farinha com o sal e o fermento. Junte a manteiga e os restantes ingredientes, misturando tudo rapidamente com as pontas dos dedos, sem amassar. Estenda as bolinhas e coloque-as num tabuleiro pulvilhado. Leve ao forno quente durante 10 a 15 minutos. Sirva quentes com manteiga e compotas.
(receita retirada algures da net)

E modestia à parte até porque são raras as vezes em que o posso afirmar: estavam uma delícia!

domingo, 17 de agosto de 2008

(parêntesis)


Ontem fui raptada ao fim da noite para ver um concerto fantástico. Cantei, dancei e pulei até me doer a garganta e os pés. A alma, essa libertou-se do stress acumulado dos últimos tempos.

Parabéns David por um excelente concerto!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Pé de vento

Podia ser este o meu nome por estes tempos. A tempestade parece já ter passado mas os meus dias passam a voar.

Por um lado o trabalho é mais do que muito, com quase todos os colegas de férias tenho a sorte de herdar tudo o que era berbicacho e batata-quente e ainda recebo como bónus o fecho de 2 projectos até ao final do mês (porreiro, pá!)

Por outro envolvi-me num outro projecto, que se por um lado pode mudar o meu rumo profissional e pessoal, por outro é para mim uma enorme prova de fogo que eu quero muito ultrapassar. Por enquanto consome-me todo e qualquer tempo que consigo arranjar, desde as horas de almoço, passando pelos serões e fins de semana. A minha inspiração, assustada com tanto reboliço e agitação já me avisou que ia também ela tirar férias e que só voltaria depois do fim do mês.

Assim sendo, resta-me tentar chegar ao final do mês com a minha sanidade mental intacta, sim que essa já está avisada para tirar férias só a 30 de Fevereiro…

PS - sou só eu ou o blogger está infernal?

domingo, 3 de agosto de 2008

Samarcanda

Ainda navego por entre brumas cinzentas. Espero e confio. Respiro fundo, uma e outra vez, para recomeçar tudo novamente. Um dia após o outro e um dia de cada vez.

No entanto a vida não se compadece de momentos menos bons e por entre estes mares mais agitados cujo rumo vou tentando acertar, o quotidiano prossegue e com ele as rotinas que de mim esperam concretização. Adiante, portanto.

Tive um único professor de filosofia que nos acompanhou durante os 3 anos. Era uma figura peculiar e ainda hoje recordo com saudade as suas aulas. Foi numa dessas aulas que fiquei a conhecer a lenda árabe de Samarcanda.

Segundo a lenda, estava um mercador árabe exercendo o seu mister quando o seu servo mais fiel lhe apareceu muito aflito. Tinha visto a morte junto aos portões de entrada da cidade e esta o fitou muito demoradamente. Angustiado, o mercador que tinha elevada estimada por ele, logo se prontificou a ajudá-lo, disponibilizando o seu melhor cavalo e umas moedas de oiro para que pudesse fugir para longe, para Samarcanda.
No dia seguinte, o mercador encontrou a morte junto ao mercado e a questionou porque tinha olhado tão demoradamente para o seu servo. Esta respondeu que tinha ficado surpreendida por o encontrar ali, já que tinha um encontro marcado com ele em Samarcanda.

Recentemente tive uma reunião numa dada entidade estatal. Lá estava o grande hall, as floreiras e vasos com plantas cujo tamanho denunciava antiguidade. A simpatia da funcionária da recepção contrastava com o minimalismo austero do ambiente. Após uma deselegante e longa espera, fomos finalmente conduzidos por entre corredores labirínticos até à sala onde mais uma vez tivemos de aguardar. Enquanto aguardava mais uma vez ia observando o local e pousei os olhos num poema que alguém tinha escrito com letras recortadas

Agora que o silêncio é um mar sem ondas
E que nele posso navegar sem rumo
Não respondas
às urgentes perguntas que te fiz
Deixa-me ser feliz
Assim
Já tão longe de ti como de mim

Súplica de Miguel Torga

Dei por mim a recordar a lenda de Samarcanda e como certos pensamentos encontram sempre uma forma, por vezes ardilosa de me encontrar. Nem que seja num corredor bafiento escritos a letras recortadas de jornal…