sexta-feira, 30 de maio de 2008

De partida

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...
Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares...

Fernando Pessoa

Vou…mas volto!

PS – Vou para a ilha dos ventos fortes e das praias com sabor a deserto: Fuerteventura.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Férias – Parte I

Tenho uma amiga que me diz: Mas tu estás sempre de férias!
Na realidade tenho apenas 2 períodos de férias mas são sempre tão festejados/ansiados/relembrados/vividos que nunca ninguém acredita que vou apenas uma ou duas vezes de férias no ano. Independentemente do sítio, faço sempre uma grande festa à volta dos preparativos.

Este ano não foi fácil decidir para onde ir. Ou qual a vertente a privilegiar. Mas após várias semanas de aturada e salutar discussão de ideias à medida da bolsa, resolvemos levar a indecisão connosco e fazer férias tripartidas, já que vão ser 3 semanas (uma maluqueira!). Deixo por agora apenas o cheirinho da primeira parte. Vejam lá se adivinham?

Clima: subtropical árido
Temperatura min:19º
Temperatura max:26º
Temperatura da água do mar: não consegui saber, mas isso agora não interessa nada!
Actividades que espero fazer: papo para o ar (q.b), caminhadas (muitas!), fotografia (a paisagem afasta-se por completo dos padrões tradicionais de beleza, sendo precisamente isso que me levou a considerar este um destino de férias), fazer alguma praia (algumas chegam a ter mais de 10 kms!) e muitas leituras.

Para onde vou eu?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Azul

Azul celeste em tempo de estio, quando a liberdade se encontra com o tempo e eu ganho asas para voar

Anil roubado ao arco-íris das emoções e turbulências passadas que se sucedem no tempo

Turquesa das envolvências mediterrânicas em cumplicidades partilhadas

Índigo como a profundeza dos sentimentos no crepúsculo dos momentos vividos

Cerúleo da ambiguidade de estados de espírito que tantas vezes alternam em mim

Se eu fosse uma cor…seria sem dúvida o azul.


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Toma lá...pasteis!

23h30m

Estava eu numa aconchegante conversa com o meu pijama, a manta e as pantufas quando toca o telelé:
- Tenho boas e más noticias...
- Então?!...
- As más é que estou empanado no eixo N/S…o carro avariou… Preciso que me venhas buscar…
- E as boas?
- Tenho uma caixa de pastéis de Belém à tua espera…

Qualquer semelhança entre isto e um suborno é pura coincidência. Orçamentos de 300€ mas polvilhados a canela tem outro sabor, há que reconhecer…

terça-feira, 20 de maio de 2008

Coisas que nunca mudam

Lembro-me quando era pequena e os preparativos para as férias começavam logo na semana anterior. Eu a arrumar os brinquedos de praia e praticamente o quarto inteiro e a tentar mete-los numa malita pequena e a minha mãe de mãos na cabeça a olhar para tudo aquilo que eu queria levar. Como é que ela não compreendia que todos aqueles brinquedos me podiam fazer falta? E que me apetecesse brincar com eles e não os tivesse comigo? Claro que depois ficavam a um canto na casa da minha avó, mas naqueles dias pré - férias eram parte integrante da minha bagagem.

Lembro-me também daquele nervoso miudinho, ansiedade em querer partir logo. A noite anterior era quase sempre mal dormida. Acordava muitas vezes durante a madrugada para ver se já havia chegado a hora de finalmente começar a carregar o carro.
Naqueles tempos a viagem até ao Algarve demorava quase um dia inteiro. A A2 ia apenas até Setúbal e ainda hoje quando passo pelos semáforos junto ao Jumbo me lembro dessas odisseias. Saíamos de manhã bem cedo para fugir ao calor e ao trânsito.
Levava-se farnel e se havia bicha (agora diz-se fila) encostava-se junto a um sobreiro e almoçava-se pacatamente.

Não havia telefones e para não preocupar a minha avó nunca dizíamos quando íamos. A surpresa da nossa chegada era sempre saudada com muitos abraços e lágrimas de alegria seguidos da preocupação com a janta.
Dormia-se em camas improvisadas e ainda hoje me interrogo como é que numa casa tão pequena (32m2) cabia tanta gente, sobretudo se coincidia com as férias dos meus tios e primos.

Hoje as diferenças são muitas, mas ao recordar estes momentos vejo que no fundo ainda sou uma criança grande. Continuo a querer levar o roupeiro inteiro comigo. Continuo a passar as noites anteriores a sonhar com as férias e a véspera continua a ser muito mal dormida. Continuo a sentir aquele bichinho carpinteiro para partir e enquanto não estou em viagem não descanso. Massacro os que estão à minha volta com o mesmo assunto, porque não me canso de fazer planos (ainda não aprendi a lição)

E continuo a contar os dias… já só faltam 11!

domingo, 18 de maio de 2008

A melhor altura do ano

É quando me desprendo das urgências do quotidiano e me embrenho na busca de um destino que resulte do encontro entre as possibilidades da carteira e aquilo que gostaria de fazer durante as férias.

Ao longo do tempo, em particular nos últimos anos, fui ganhando vontade de fugir ao simples “papo para o ar” e embora me saiba bem passar uns dias em que a decisão mais difícil se resuma a qual o bikini que vou usar, a verdade é que actualmente as férias têm de combinar o dolce faire niente com uma vertente mais activa, de preferência à base de caminhadas.

Este ano foi particularmente difícil a escolha. Primeiro porque o orçamento familiar para as férias sofreu uma redução dramática (neste aspecto tenho de agradecer em especial aos senhores da Galp e companhias Lda. pela fatia cada vez maior do meu ordenado que atenciosamente lhes deixo todas as semanas, bem como ao facto de ter passado praticamente o último ano a fazer tratamentos e com a inevitável falta de liquidez daqui resultante). Em segundo lugar porque tentar encontrar programas de férias em Junho não é pêra doce. Destinos que me enchem as medidas (e esvaziam a carteira) são nesta altura inacessíveis. Não há voos charter, as lows cost não voam para lá e ir pelas linhas regulares é impensável.

Desta forma a solução apresentou-se de forma segmentada e por etapas. Vamos tentar combinar o melhor que cada sitio tem para oferecer e vai haver lugar para o 8 e o 80, para a praia e para a montanha, para o dolce faire niente e a caminhada, para o hotel e para a tenda. Acho que diversidade vai ser a palavra de ordem para as próximas férias e o melhor é que até nem é preciso ir assim para tão longe.

E eu já ando a contar os dias…

domingo, 11 de maio de 2008

Vícios

Cada vez estou mais viciada nestas caminhadas em que participo. Permitem-me por algumas horas esquecer-me de tudo o resto, concentrada apenas nas paisagens deslumbrantes que tenho à minha frente e no cuidado em colocar os pés. Os músculos esses já sei que vão reivindicar alguma atenção nos dias seguintes, mas a sensação de bem-estar é tão boa que as dores no corpo são rapidamente esquecidas.

Desta vez, apesar do tempo farrusco e alguma chuva, decidimos participar à mesma na aventura proposta. Destino: Arrábida.

O plano inicial era fazer a travessia da serra, mas constrangimentos de última hora encurtaram a aventura e “apenas” fizemos a subida e descida de meia encosta. Já estava a preparada mentalmente para levar uma grande tareia a nível físico por isso quando o percurso terminou fiquei com aquela sensação de querer ainda mais e com pena de já ter acabado.

Tendo já feito anteriormente parte do caminho mas de noite e com o tempo de hoje a não permitir que desfrutasse da paisagem em pleno, a Arrábida merece sem dúvida uma nova tentativa.

Enquanto essa nova aventura não chega, deixo-vos um cheirinho do dia de hoje, que terminou na praia defronte da Anicha, a minha praia preferida, com um belo peixinho grelhado, óptima companhia e umas belas gargalhadas.





Em cima: vista da Serra da Arrábida a meio da descida da vertente

Em cima: vista da estrada
Em cima: pedra da Anicha (Praia do Creiro)
(fotos de Maganita e Gaijo, Maio de 2008)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Não gosto

Não gosto de ver a inveja a fazer sala na minha vida.
Nunca lhe abri a porta. Sempre me senti bem na minha pele. Tenho ambições, sonhos, projectos mas nunca senti inveja dos sucessos dos outros. Muitas vezes, foram precisamente esses sucessos a "mola" para tentar fazer mais e melhor.

No campo laboral sempre dei o meu melhor. Já fiz muitos sacrifícios. Dei muitas horas da minha vida pessoal à casa. Desde trabalhar 16h diárias a 28 ou 30 dias por mês. Leram bem. Meses houve que nem Domingos descansei. Subi por isso a pulso, sem facilidades, num ambiente predominantemente masculino com dificuldades de inserção acrescidas por ser um ambiente de obra.
Comecei como mera operadora de dados. Actualmente sou quadro superior em posição de chefia e não foi pelos meus bonitos olhos. Trilhei esta escada com muito esforço e ainda hoje o faço. Todos os dias.
E custa-me muito ver colegas cuja entrada foi guarnecida em facilidades a demonstrarem tão ostensivamente esse sentimento pobre chamado inveja.

Pobreza de espírito de quem só está bem com o mal dos outros. É que se alguns podem bem com o mal dos outros, outros podem muito mal com o bem dos outros…
Mas pelo menos podiam disfarçar, não?

Tristes, é o que lhes chamo...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

?

Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez o homens e deu vida aos lobos?
Santa Teresa em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?



Florbela Espanca

Não é que esteja surpreendida com o resultado deste último tratamento mas preciso de certa forma digerir a passagem para o escalão seguinte.

E cada vez me custa mais a subir a escadaria…